domingo, 14 de abril de 2024

Cinema

Dias Perfeitos - Direção de Wim Wenders 

O que dizer de um filme, cujo personagem principal tem como ocupação limpar banheiros públicos e preencher a história quase que sozinho? Dá para afirmar que estamos diante de uma obra encantadora que me fez lembrar de uma parceria similar entre a cineasta alemâ Doris Dörrie e o Japão, Cerejeiras em Flor. Desta vez, o diretor é o consagrado Wim Wenders quem realizada a façanha.

Hirayama (Koji Yakusho) é um solitário que vive na periferia de Tóquio; tem uma rotina simples, onde o máximo que se permite é leituras de livros locados, uma bebida em bares, cuidar de suas plantas e ouvir fitas cassetes com clássicos roqueiros dos anos 60 e 70 em sua van. Interessante como o diretor frisa este dia-a-dia de Hirayama.

Naturalmente, quem trabalha em muitos locais (sempre com a mesma missão), vai, além de observar natureza e os homens, ampliar a sua sociabilidade, mesmo se mantendo discreto e, em geral, em silêncio.

Algumas pessoas vão passando pela sua vida como o seu colega de trabalho, bem mais jovem e inconsequente, Takashi (Tokio Emoto), a namorada dele,  Aya (Aoi Yamada), a sua sobrinha que brigou com a mãe e vem passar uns dias com ele, por fim, a irmã, Keiko (Yumi Asou) com quem está rompido e vem buscar sua fila, momento em que se evidencia a diferença social deles, sem deixar de mostrar a irrelevância disso para Hiryama. A trama não revela a causa do rompimento, mas em todos esses contatos, fica escancarada a nobreza de seu caráter.

Nesse cadinho de relacionamentos, Wenders proporciona ao espectador, uma história candente que torna impossível, não se colocar ao lado de Hirayama no seu cotidiano ou quando encontra o ex-marido de uma de suas amigas, dona de bar nas cenas finais.

Por obras como essa é que o cinema tem o dom de ser mágico.

Segue o trailer oficial:






O



sábado, 13 de abril de 2024

Literatura


Dica de Leitura

O Avesso da Pele - Jeferson Tenório 

Excelente obra do carioca radicado no RS, Jeferson Tenório, que trata do resgate emocional do personagem Pedro, onde estão situações da vida de um negro no Brasil atual, consequentes de vários anos de discriminação racial e social.

Pedro vai recordando os eventos familiares que ao longo dos anos foram atingindo Henrique, o pai, Martha, a mãe, em especial, a relação intensa e dramática deles. Também, as suas namoradas, os amigos, a trajetória como professor, o preconceito racial presente o tempo todo e aí, a grande evidência do livro: histórias que são conhecidas, porém, sem ser descritas por autores brancos, o que dá mais autenticidade ao romance.

Outro elemento fortíssimo que gostei foi a força das personagens, isto é, as namoradas (brancas e negras), a mãe, a avó, a tia Luara, enfim, várias, que possibilitam a narrativa cheia de situações tensas, às vezes, humilhantes, autoritárias, mas, ao mesmo tempo, de resiliência e coragem para os enfrentamentos presentes na história.

Um grande livro.

Lançado em 2020, a Editora é a Companhia das Letras. Possui 192 páginas.

domingo, 7 de abril de 2024


Galeria 

Lali González nasceu Graciela Belén González Mendoza, em Assuncion, Paraguay, no dia 27 de Dezembro de 1986. Alguns de seus filmes são: 7 Caixas (7 Cajas-2012), O Jogador (El Jugador-2016) e Descanse em Paz (Descanse en Paz-2024).

terça-feira, 2 de abril de 2024

Música


Dogfeet - Dogfeet 


Único álbum desta banda do Reino Unido, lançado em 1970 com nuances de rock progressivo e hard rock. Seus integrantes foram: Alan Pearse e Trevor Povey, vozes e guitarras, Derek Perry, bateria, Dave Nicholls e T J, baixos e Mick, percussão.

Segue o disco na íntegra:




sábado, 30 de março de 2024

Música


Tricycle - Johnny, Louis & Char


 

Trio japonês que lançou em 1980, este excelente álbum. Sua formação indica Johnny na bateria, Louis no baixo e Char na guitarra.

Seguem faixas do disco:








sexta-feira, 29 de março de 2024

Cinema

Uma Luz na Escuridão - Direção de David Seltzer 

Uma bela surpresa para mim, pois é um filme de mais de três décadas, portanto, levei muito tempo para descobri-lo.

Uma história da Segunda Grande Guerra, onde os tiros e explosões só vão aparecer nos instantes finais das mais de duas horas de duração da película.

Linda Voss (Melanie Griffith) é uma norte-americana nascida no Queens, que tem ascendência irlandesa e alemã com sangue judeu interessada pelo Nazismo e seus desdobramentos, devorando livros, jornais e filmes que tratam do que ocorria na Europa no final dos anos 30, início dos 40.

Disposta a contribuir para frear o avanço de Hitler, Linda vira secretária de Ed Leland (Michael Douglas), que ao final da primeira metade da história, revela-se um coronel do exército americano prestes a embarcar para a Europa.

Linda insiste em seguir com ele, porque acredita ser a pessoa certa, pois tem várias qualificações que a fazem uma potencial agente para a espionagem. Ed lhe apenas duas semanas para agir, depois, a ordem é retornar a América, algo que não se cumprirá.

Chegando na Alemanha, ela é recepcionada por um antigo espião, cujo codinome é Sunflower (John Gielgud). Depois de breves empregos, ela consegue se tornar babá do casal de filhos do oficial viúvo da SS, Franz-Otto Dietrich (Liam Neeson), detentor de segredos da construção de uma fábrica de armamentos, o  principal objetivo da ida de Linda para Velho Continente.

Dietrich se apaixona por Linda, que ainda mantém a esperança de se encontrar com o desaparecido Ed Lelan, dessa forma, ela permanece numa linha perigosa, porque os nazistas estão fechando o cerco, após os ataques aéreos que Berlim e outras cidades sofreram.

Uma dica: o início da história começa com uma Linda envelhecida, convidada para contar a sua missão em terras germânicas.

Apesar dos furos do roteiro, um exemplo, os alemães adultos falam a sua língua original, já os filhos de Dietrich, só se comunicam em inglês, a trama é agradável com uma grande atuação da filha de Tippi Hendrin (Os Pássaros) e mãe de Dakota Johnson (Cinquenta Tons de Cinza).

No elenco ainda está Joely Richardson como Margarete, uma figura ambígua na relação nazismo/aliados.

Produzido em 1992, possui 132 minutos.

Segue o trailer:




quinta-feira, 28 de março de 2024

Cinema

 Dois Papas - Direção de Fernando Meirelles


Um filme que gostei muito, porque tem ingredientes da minha preferência como um grande diretor (Fernando Meirelles), dois excepcionais atores, Jonathan Price (Jorge Bergoglio, futuro Papa Francisco) e Anthony Hopkins (Papa Bento XVI) mais um tema aparentemente sem muito atrativos, ou seja, diálogos sem o interesse da maioria da raça humana, mas se bem conduzido, viram uma delícia e o tempo passa muito rápido pelas presenças carismáticas de Price e Hopkins, além do roteiro excelente.

Nessas conversas, Bento XVI demonstra que tem ciência de sua fragilidade física e com as pequenas perspectivas de prosseguir como líder da Igreja Católica por um tempo maior, ao mesmo tempo, Bergoglio vê a aposentadoria como a melhor saída para as suas inquietações, diante do rumo que a sua Igreja vai tomando, após tornados públicos os escândalos do Vaticano e dos religiosos em boa parte do planeta.

A obra é mais centrada na vida do futuro Papa, o que dá oportunidade para Price brilhar intensamente, embora o filme não tenha a intensão de promover uma disputa entre os atores/personagens desses dois gigantes da arte de representar.

Convém destacar também, a presença da música da eterna Mercedes Sosa.

Produzido em 2019, possui  130 minutos.

Segue o trailer oficial: