Aqui vou tratar quase que exclusivamente de Música,Cinema e Literatura. Sugestões que serão pontuadas pela curiosidade, qualidade e algumas pela indisponibilidade na rede mundial.
Esta semana comprei o disco de um dos grandes gênios musicais do Brasil.
Os dois primeiros discos são os mais conhecidos, porque foram uma explosão de criatividade e qualidade que seria quase impossível sua manutenção, ainda mais com o fenômeno do rock tomando conta da cena cultural brasileira na década de 80.
No início dos 90, mais exatamente em 91, Melodia nos brindou com esse Pintando o Sete, onde, além da grande sensibilidade na escolha das músicas, teve a companhia de Cidade Negra e João Donato.
Seguem faixas do álbum que contém o hit Codinome: Beija-Flor, antes, gravada por Cazuza.
Era uma semana fria em Curitiba, eu estava hospedado no centro, Hotel Lancaster, quando saiu a notícia da morte de Raul Seixas no dia anterior, Segunda-feira, dia 21 de Agosto.
Foi um choque, pois mesmo sabendo que a sua saúde andava de mal a pior, a gente sempre pensa que os artistas dão a volta por cima. Não foi o caso.
Lá se foram 30 anos. Raul marcou a adolescência da minha geração. Ele era o cara.
Para rememorar, posto um dos grandes álbuns do Mago. Trata-se de Novo Aeon, que foi realizado em 1975.
É um filme para poucos, pois não tem ação, nem violência, também, porque é uma obra de quase um único personagem, além disso, ele tem mais de 90 anos (assim como o ator em seu último trabalho) e mora numa cidadezinha cercada de deserto. Surpreendentemente, ele funciona.
Lucky (Harry Dean Stanton) é um solitário, porém, isso também é sinônimo de independência para alguém com a sua idade; geralmente nonagenários vivem cercados de cuidados e atenção.
Sua rotina diária começa com exercícios físicos, caminhadas e o cigarro como parceiro. Há as chegadas a lanchonete, onde encontra pessoas bem afetivas, isso não o impede de entrar em desavença com um advogado, nem com a dona de um bar, mas Lucky essencialmente é uma figura carismática e tem pontos de contato com a maioria das pessoas que encontra como os atendentes do bar, a moça da creche ou com um veterano da Segunda Guerra Mundial, pois ele serviu como cozinheiro num navio no Pacífico.
É uma história simples, mas muito cativante.
O filme conta com as presenças do diretor de Veludo Azul, David Lynch, Tom Skerrit e James Darren, para quem não lembra, ator do seriado Túnel do Tempo.
Com o passamento de Peter Fonda, 79 anos, ocorrido na Sexta-feira, 16 de Agosto, ironicamente, mesmo dia da morte de Elvis Pesley, é inevitável lembrar do seu maior personagem e êxito cinematográfico, Easy Rider ou Sem Destino, no Brasil, no papel de Wyatt.
Pois este filme é icônico por se inserir e captar a cultura hippie, a contracultura, no momento em que este fenômeno social estava acontecendo.
Wyatt e seu parceiro Billy (Dennis Hopper) trazem droga do México para a Califórnia. Com a grana ganha, passam a viajar "sem destino" ou hora marcada, vão pelo e para o Sudoeste e Sul dos EUA em busca de liberdade ou de algo que ainda estavam procurando.
Acabam definindo por encerrar a busca pela Louisiana, passar o "carnaval" em Mardi Gras, New Orleans.
Sua viagem (vale lembra, o filme é um legítimo road movie) vai desfilando, além da paisagem maravilhosa, diversos tipos norte-americanos, que revelaram dois grandes atores até em então, aspirantes a astros (Jack Nicholson e Karen Black).
Easy Rider também proporcionou a criação de um clássico da trilha sonora, onde se destacam Steppenwolf, Byrds, The Band e Jimi Hendrix e sua Experience Band.
Como escrevi, é de 1969 e tem 94 minutos.
Uma obra genuína, fotografia de uma era que esta completando meio século.
Notável obra do gaúcho Sergio Faraco, vencedora do Prêmio de Ficção de 1999 da Academia Brasileira de Letras.
O autor dividiu o livro em três temas e como consta na contracapa, a primeira trata de contos concebidos a partir da paisagem rural da fronteira sulista. Identifiquei logo a influência de Simões Lopes Neto (não era difícil); a segunda parte, a iniciação sexual e experiências emocionais retratadas na infância; na última parte, a solidão do indivíduo no espaço urbano é o traço marcante, destaco o conto que dá nome ao livro.
Confesso que a primeira parte é a que mais me chamou a atenção; belíssimos contos com personagens fortes, alguns que me lembraram a leitura de Ricardo Guiraldes, gênio argentino, autor do clássico Dom Segundo Sombra, mas não quero deixar a impressão que os outros temas são tratados de uma forma menor. É questão pessoal apenas.
Produzido em 1998, possui 155 páginas. É da LP&M Editores.
Susannah York nasceu Susannah Yoland Fletcher em Londres, Inglaterra, no dia 9 de Janeiro de 1939 e faleceu em Londres, dia 15 de Janeiro de 2011.
Alguns de seus filmes são: Freud, Além da Alma (Freud: The Secret Passion-1962), Mas não se Mata Cavalos? (They Shoot Horses, Don't They-1969) e Super Homem (Superman-1978).
Nome interessante da música brasileira que conheci como vocalista da banda Sheik Tosado; China chegou ao quinto disco em 2014., Escolhi o terceiro, esse, chamado Simulacro. Vale a pena conferir.
O Incrível Caso da Música que Encolheu e Outras Histórias Ultramen
Fiquei impressionado (e decepcionado) comigo por não ter ouvido a Ultramen antes. Foi a partir de uma apresentação de Tonho Crocco, vocalista da banda com outros nomes como Thedy Corrêa (Nenhum de Nós) e Hique Gomez, aqui na terrinha, que resolvi ouvir a banda. Da audição para a compra do cd foi um passo curto. Optei por esse de 2002, terceiro dela. Obra-prima que mistura vários gêneros musicais; uma das características da Ultramen. Segue o disco na íntegra:
Clássico entre os filmes musicais, não pela qualidade técnica (são imagens "toscas"), nem pela história ou interpretação dos atores, mas por mostrar a obra de Jimmy Cliff e ser um produto jamaicano com a sua pobreza social e ao mesmo tempo, a sua riqueza natural, sua geografia exuberante.
O enredo apresenta um jovem sonhador, Ivanhoé (Jimmy Cliff) que sai do interior, chega a Kingston, capital da Jamaica, buscando vencer como cantor, porém, de cara, é assaltado.
Sem encontrar saída, se envolve com furtos, tráfico de drogas e, por fim, acaba cometendo assassinatos, inclusive policiais. Fica num beco sem volta.
O diretor jamaicano, Perry Denzell, acabou identificando a sua filmografia com o reggae, aliás, essa dobradinha Reggae/Jamaica dá frutos até hoje.
A trilha sonora fez um tremendo sucesso e revelou Cliff ao mundo.
Além de ser um clássico, também é clássico do gênero Western; um detalhe: estrelado por mulheres. Raro, raríssimo. Vienna (Joan Crawford) é dona de um Saloon, que foi erguido estrategicamente numa cidade onde a ferrovia irá passar e transformar o lugarejo num importante ponto comercial. Ela domina o seu negócio com mão de ferro. No entanto, Emma (Mercedes McCambridge), filha do homem mais poderoso da região, vai se opor ferozmente, porque o poder de sua família será afetado pela chegada da estrada de ferro. Não é só isso, existe a questão pessoal; Emma gosta do capataz Dancin Kid (Scott Brady) que gosta de Vienna, mais um porém, esta tem uma paixão antiga, Johnny Guitar (Sterling Hayden), um pistoleiro arrependido que chega à cidade para recomeçar uma nova vida e de quebra, tentar reconquistar Vienna. Ele não usa mais armas, em seu lugar, um violão. À princípio, ele chega para ser uma atração musical no Saloon, mas um assalto ao banco e a presença da Vienna lá, no momento da ação dos ladrões liderados por Dancin Kid, é o mote que Emma precisava para convencer o delegado e a sociedade que o enforcamento dela é a melhor saída. Aí, entra o passado de Johnny Guitar que voltará às armas. A obra foi um fracasso de bilheteria, mas logo os franceses, em especial, François Truffaut, se encarregaram de colocá-lo na condição de filme cultuado. Tive a convicção, quase certeza, que Clint Eastwood buscou nele, elementos para fazer o seu "Os Imperdoáveis". Produzido em 1954, possui 110 minutos. Segue o trailer: