domingo, 21 de junho de 2020

Literatura


Dica de Leitura


Na Estrada com os Ramones - Monte A Melnick e Frank Meyer


Li seis obras que tratam dos Ramones, desde as de  fãs ou do irmão de Joey, até biografias de Marky, Johnny e Dee Dee Ramone; mas a mais completa é do "faz-tudo" Monte Melnick, que viveu os 22 anos da banda. Sem ele, a banda não resistiria por tanto tempo; essa aí, Na Estrada ...; aliás, super difícil de encontrar, os sebos chegam a oferecer a quase R$ 300,00 o livro impresso, é a melhor. Diante disso, adquiri um e:book que custou R$ 33,00.
É impressionante a história deste grupo que tinha tudo para dar e errado (e por um bom tempo, não aconteceu em termos de reconhecimento da mídia e comercialmente foi decepcionante ), mas que, assim como Van Gogh ou Oscar Wilde, a passagem do tempo a colocou no devido lugar; sua importância para a música e especialmente, para a cultura e  a sociologia (comportamento dos jovens), aqui, sem estabelecer um período, é fundamental.
O fenômeno a que me refiro é que individualmente, os Ramones eram pessoas problemáticas, Johnny amava Ronald Reagan e Richard Nixon, era individualista, autoritário e de direita; Joey tinha debilidades físicas, possuía TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e muitas frustrações afetivas, Dee Dee, o autêntico junkie, experimentou de tudo e morreu de overdose, quando estava num período "limpo", imaginava-se. Tommy, o mentor do grupo, não aguentou o tranco e saiu da linha de frente, após o terceiro e insuperável álbum Rocket to Russia (1977); eventualmente, acompanhou a banda. Seu sucessor, Marky , excelente baterista, era alcoólatra, fato que o afastou da banda por longos anos.
Além disso, as pessoas que orbitavam ao redor da banda, também pouco tinham de serenidade na maioria do tempo, inclusive os novos Ramones CJ e Richie.
O que fez desta banda a segunda mais importante do rock? Primeiro; tinham influências decisivas: Elvis, Little Richard, Beach Boys, Ronnetes, Beatles, Stones e The Who, entre tantos; segundo, eram sérios no comprometimento com o seu público, inclusive no horário de subir ao palco e nas condições físicas e psicológicas; terceiro, desde o início já criaram uma moda que "pegou", camisetas, tênis, jeans rasgados na altura dos joelhos e jaqueta de couro do mesmo estilo, além de um emblema característico, mais um slogan grudante que era marca registrada nos shows.  Por fim, influenciaram de cara, Clash, Damned, Sex Pistols e mais adiante, Nirvana, Red Hot Chili Peppers, Soundgarden, Green Day, igualmente, Pearl Jam e outras bandas pelo mundo afora, incluindo Argentina e Brasil, onde brotaram vários grupos, seguindo o lema ramone de "faça você mesmo".
Era uma banda punk no jeito de viver, desprezavam a vida de rock star, optando por viajar de van, quando estavam no seu país, EUA, dispensavam hotéis e restaurantes de luxo.
Ainda tinham origens muito parecidas, todos moraram em Nova Iorque, mais exatamente no Queens; lá se encontraram num período de grande dificuldades da Big Apple com desemprego e inflação elevados. 
Viveram como se fossem fãs deles próprios e consagraram locais que viraram ícones como o CBGB de Hilly Crystal, onde bandas incríveis se projetaram, após abrirem seus shows.
Entretanto, sem a qualidade de sua música e a persistência ferrenha que não a deixava a cair, todos estes elementos anteriores não seriam suficientes para o seu franco crescimento, mesmo após a morte dos quatro integrantes originais.
A obra de Monte mostra isso numa leitura extremamente sincera e de ótima fluidez. São depoimentos que parecem sair de um bate-papo num bar.
O e-book é de 2018, possui 496 páginas.
Imperdível.

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