quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Cinema

Queen & Slim - Direção de Melina Matsoukas


Aqui está um filme perfeito. Tudo nele funciona, a fotografia, o enredo, as interpretações, a trilha sonora. Um pouco de Bonnie and Clyde no que se refere a um casal em fuga, visto que não se trata de assassinos, a semelhança termina aí e Vidas Negras Importam (Black Lives Matter), além de ser um autêntico road movie.

A história começa com o encontro afetivo de Queen (Jodie Turner-Smith) e Slim (Daniel Kaluuya),  depois de meses de troca de correspondências. Na real, eles são Angela Johnson, uma advogada e Ernest "Ernie" Hines, que parece estar mais interessado na relação do que a jovem, esta que viveu um momento frustrante na carreira ao ver o seu cliente condenado à morte pela justiça.

Após esse contato presencial, o primeiro, Ernie dá carona para Angela e comete uma pequena infração de trânsito, a falta de uma sinalização. Eles são parados por um policial, que se mostra arrogante e intransigente. A temperatura dos ânimos esquenta, em especial, para Angela, que como advogada, exige determinados procedimentos padrões, o que leva ao destempero do policial, que atinge com um tiro a perna da garota. Ernie entra em luta corporal e na briga, ele, defensivamente, atira e mata o policial com a arma deste.

Eles saem do local, deixando o corpo estirado, iniciando um périplo por vários estados norte-americanos, porque Angela/Queen não acredita na isenção da justiça para com os negros. Vale lembrar que Cleveland, Ohio, foi o local escolhido para o começo da trama, cidade onde a polícia matou um negro em uma abordagem semelhante. Quem iria acreditar na versão deles?

O incidente acabou gravado pela câmera do policial e a dupla virou manchete nos jornais e noticiários de tevês. A população negra apoia e vê neles (Queen e Slim) dois representantes legítimos da resistência aos desmandos da polícia e torce para que o objetivo de chegar a Cuba se efetive, enquanto a polícia inicia uma caçada intensa.

Há vários elementos presentes no decorrer do trajeto como a dependência e risco de tratar com pessoas estranhas, isto é, sem outra alternativa, eles tem que confiar, o que em algumas vezes, a traição esteve presente, mas tem também o apoio do tio, um cafetão, cujo caráter é "humanizado" nas suas ações, quando protege Queen e Slim, além da revelação de suas vidas, antes deste acontecimento.

Produzido em 2019, possui 133 minutos.

O melhor filme que vi este ano.

Segue o trailer:






segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Literatura

Dica de Leitura

Pedro Páramo - Juan Rulfo


Depois que li duas obras do paraguaio Augusto Roa Bastos, vi que elas integravam um seleto grupo de clássicos da literatura latino-americana, onde está incluída a obra de estreia do mexicano Juan Rulfo, aliás, depois dela, apenas publicou mais uma. 
Assim, fui em busca do livro, pois em todas as pesquisas e referências, ele sempre recebeu elogios máximos, superlativos.
Realmente, a história de Juan Preciado, que tem que cumprir promessa à mãe em seus últimos dias de vida, qual seja, a de ir atrás de informações sobre o seu pai, Pedro Páramo, é excelente. Assim, ele chega a Comala, a cidade, mas encontra esta deserta. As poucas pessoas que se envolve são espíritos que parecem já estar esperando a sua vinda.
A figura paterna vem sendo desvelada página a página, onde se descortina um ser malvado e assassino, cuja a crueldade é uma de suas maiores características.
Juan Rulfo através desta narrativa classificada como realismo-fantástico, Rulfo mostra o país tirânico de seu tempo, cuja a destruição é um caminho inevitável. 
Produzido em 1955, o meu exemplar é da Edições Best-Bolso, possui 139 páginas.
Uma obra-prima.