Dica de Leitura
A Infância dos Mortos - José Louzeiro
O autor é um dos maiores nomes neste gênero literário e a Infância dos Mortos, talvez, a obra mais famosa, depois que Babenco se inspirou nela para criar Pixote, a Lei do mais Fraco, 1980, portanto, três anos após o livro de Louzeiro.
Li em Julho deste ano e fiquei impressionado com blogs e assemelhados que fazem resenha crítica do livro, utilizando a história da telinha, um absurdo, porque o personagem Pixote, para ficar num exemplo das diferenças, morre no início, nas páginas do texto do autor, ou seja, embora lembrado ao longo da trajetória dos meninos, suas desventuras, agruras e luta pela sobrevivência, o personagem Pixote passa distante de ser o foco principal do que é contado no livro.
Na verdade, com situações análogas e final parecido, a Infância dos Mortos, que, após o sucesso do filme, ganhou um subtítulo (Pixote), narra o dia-a-dia de um grupo de "pivetes" que luta para sobreviver. Encaram as dificuldades como abusos e violência doméstica, a perseguição policial, praticam pequenos delitos, sofrem a discriminação de parte das pessoas que cruza o caminho deles, assim, permanecem solidários, criando uma célula familiar mesmo com desajustes e ganham a compreensão de outros elos enfraquecidos como as prostitutas.
Seguem sonhando com uma vida mais generosa.
O leitor sensível verifica ao correr da trama, que não há redenção para estes meninos e adolescentes, pois são tantas as armadilhas em que caem, por consequência, resta o grupo acuado, dizimado aos poucos, acumulando frustrações e revoltas dos sobreviventes.
Fica o sentimento que a sociedade civil e o Estado falham no cuidado e recuperação desta parcela, que se defende como pode num confronto desigual, onde representam o lado mais fraco deste complexo mundo das relações humanas.
Escrito em 1977, o meu exemplar é do Círculo do Livro, possui 301 páginas.
Um clássico.
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