terça-feira, 29 de abril de 2025

Literatura

Dica de Leitura

Na Barra do Catimbó - Plínio Marcos 


Um dos maiores nomes da literatura e do teatro brasileiro, Plínio Marcos, a exemplo de João Antônio, era/é mestre em resgatar a vida marginalizada da maioria da população brasileira. Todas as suas obras são de profunda análise sobre este segmento da sociedade.

Neste, Na Barra ... conta a vida do negro Catimbó, que depois de cometer um crime, foge da polícia e resolve criar uma comunidade, juntamente com a sua companheira Bina Calcanhar de Frigideira, isso, na região paulistana entre as décadas de 70 e 80.

E assim, com o crescimento desordenado, nada planejado do local, além dos dois principais personagens, das páginas, emergem atores muito criativos como Zecão, o bandido que vai fazer o contraponto ao "bom", no caso, o negro Catimbó, Seu Olegário, o técnico do time da Barra, o Deixa que eu chuto, apelidado desta forma por ser manco e tantos outros, enfim, um "tratado social" como são todas as obras deste genial dramaturgo.

Abaixo, deixo uma manifestação de Plínio Marcos, analisando a criação de seu "Na Barra do Catimbó".

"A Barra do Catimbó, que é outro romance meu, também foi proibido como novela de televisão.” [Começou a escrever histórias da Barra do Catimbó em jornal, antes de lhes dar a forma de romance.] “Pra evitar esculacho, criei a Barra do Catimbó, onde passei a fazer acontecer todos os salseiros. E, aos poucos, me apaixonei pela Barra do Catimbó. Fui criando personagens que, de início, eram baseados nos tipos que conheci na minha cidade querida, mas que, aos poucos, foram crescendo, ganhando características próprias e, acreditem ou não, se formavam sozinhos, indiferentes à minha influência. Mestre Zagaia e os ensinamentos da sua Tabuada das Candongas, colhidos nos estreitos, esquisitos e escamosos caminhos do roçado do bom Deus. Nega Bina Calcanhar de Frigideira, que no começo era só mulher do crioulo Catimbó, fundador da Barra, e que ganhou importância quando mataram seu marido. Oscarino Vaselina, eterno candidato a vereador, Seu Olegário, Seu Azulão, Mané Cheiro de Peixe, Mãe Begum de Obá, Chupim, Pé de Bicho, Intrujão Guegué, Bolinha do Mobral, Dona Cotinha Fofoqueira, Quim Ilhéu, Azevedo do Apito, Valdo Camelô, Catulé Sambista, e tantos outros.” “Eu os amo por serem frágeis diante dos duros combates do dia-a-dia, mas que não se rendem nunca. Porém (e sempre tem um porém), o que quero dizer e o que pesa na balança é que já pensei, e penso muito, chego a ser atormentado por essas figuras, em meter tudo isso no palco de um teatro.” [O que, infelizmente, nunca chegou a fazer]. (Mantida a grafia original).

É de 1982, possui 128 páginas, Editora do Autor.

Clássico.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Galeria

Galeria 

Keke Palmer nasceu Lauren Keyana Palmer em Harvey, Illinois, EUA, no dia 26 de Agosto de 1993. Alguns de seus filmes são: Prova de Fogo, uma História de Vida (Akeelah and the Bee-2006), Imperial Dreams (Imperial Dreams-2014) e Alice (Alice-2021).

terça-feira, 22 de abril de 2025

Música

Cristina - Cristina Buarque 


Faleceu a paulistana Cristina Buarque aos 74 anos. Lembro dela lançando o elepê "Cristina", no ano de 1974.

Carregava um nome pesado, tanto pelos pais, quanto pelos irmãos. Embora a sua discrição, ela deixou um legado para o Samba, que aparece já neste disco que posto, onde estão presentes composições de Manacéa, Cartola, Noel Rosa, Ivone Lara, Ismael Silva, ícones do gênero musical.

Fica minha homenagem com o disco abaixo:



domingo, 20 de abril de 2025

Música


Loaded - Velvet Underground 


Estou lendo a biografia de Lou Reed, líder do antológico Velvet Underground, grupo influenciador dos movimentos punk, glam rock e de grandes nomes do rock como David Bowie.

A relação com Andy Warhol, artista plástico e agitador cultural dos anos 60, ícone da pop art, resultou em álbuns viscerais como o "da Banana", onde sua banda recebeu a participação de Nico, a musa alemã, e o segundo, White Light, White Heat, 1968, ambos com o Velvet em sua formação clássica: John Cale, Lou Reed, Sterling Morrison e a baterista Maureen "Mo" Tucker.

E sempre que se menciona o Velvet, parece que sua obra acaba ali, com dois discos e dois anos. No entanto, após a "expulsão" de John Cale e o ingresso em seu lugar do baixista Doug Yule, houve a continuidade com mais trabalhos, o de 1969 e Loaded, de 1970. Os demais, por não ter nenhum dos membros fundadores, eu não considero.

Escolho este de 1970, Loaded, porque é muito bom e é esquecido, parecendo de forma errada, que a qualidade do Velvet desapareceu, após a saída de John Cale.

Seguem faixas do disco:








sexta-feira, 18 de abril de 2025

Cinema

Elis & Tom - Direção de Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay


Estava com 15 anos quando li na Revista Pop que Elis e Tom Jobim estavam em estúdio gravando um álbum em Los Angeles, EUA. Na época, sabia escassas informações sobre o gênio carioca, autor de Garota de Ipanema (com Vinícius de Moraes).
O disco saiu e Águas de Março me arrebatou e a todos aqueles que reconhecem uma obra-prima "de cara".
A gauchinha morreu poucos anos passados (Jan/82) e Tom seguiu sua carreira forte no exterior e revitalizou a sua presença no cenário nacional, que estava muito marcada com o período da Bossa Nova.
Pois esse antológico trabalho, que serviu para marcar os 10 anos de Elis na sua gravadora, gerou momentos tensos, de muita discussão, quase desistência da Pimentinha e a rendição de Jobim ao grupo de músicos que veio do Brasil, Paulinho Braga, Hélio Delmiro, Oscar Castro Neves, Luisão Maia e, principalmente, o arranjador e esposo da cantora, César Camargo Mariano, este, maior ponto de resistência do maestro, que queria alguém de sua confiança como Claus Oggermann.
No fim, tudo acabou bem, o engenheiro de som, o argentino Humberto Gatica, radicado em Los Angeles, teve a sua primeira chance e não desperdiçou. Sua carreira decolou e, atualmente, ele possui 11 Grammys na prateleira de sua casa.
O documentário possui depoimentos históricos de André Midani, Roberto Menescal, Ahmed Artgun (proprietário da Atlantic Records), Nelson Motta e outros.
Produzido em 2023, possui 100 minutos.
Segue o trailer:




 

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Cinema


They shot the Piano Player 

Direção de Fernando Trueba e Javier Mariscal 

Excelente filme de animação que, através da investigação de um escritor norte-americano, Jeff, conta a história fatídica de Tenório Jr., conceituado pianista com formação em jazz, mas muito identificado com o movimento Bossa Nova.

O período abordado capta duas décadas, os efervescentes anos 60 (cultural) e 70 (antidemocrático), isto é, o sucesso da nova música brasileira nos EUA e as atrocidades ocorridas na América Latina, neste caso, Brasil e Argentina, este último país, onde Tenório Jr. saiu para ir à farmácia, acabou confundido pela polícia política, preso, torturado, assassinado e desaparecido.

Tendo como fio condutor este episódio criminoso, o filme permite conhecer a criação, ascensão e os principais atores da Bossa Nova.

Os atores Jeff Goldblum e Tony Ramos emprestam as vozes aos personagens, além de Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Paulo Moura, Milton Nascimento, Edu Lobo, entre outros.

Realizado em 2023, possui 103 minutos.

Segue o trailer oficial:





quarta-feira, 9 de abril de 2025

Literatura

Dica de Leitura 

Quase Memória - Carlos Heitor Cony

Há autores que admiro pelo que escrevem, o profundo conhecimento e paixão pelo assunto discorrido página a página, que emociona o leitor, por exemplo, Eduardo Galeano. 

Outros, admiro pela forma com que (d)escrevem a história, ou seja, a fluência do texto, a riqueza gramatical, a harmonia das palavras que tanto prazer fornece a quem tem acesso à obra. É o caso de Carlos Heitor Cony.

Em Quase Memória, o escritor carioca ganhou o prêmio Jabuti de melhor romance em 1996. 

Uma ficção em forma de biografia, onde o tema principal acaba sendo também, o pai dele, Seu Ernesto, que começa com o jornalista recebendo um embrulho sem identificação, mas com todas as características daqueles confeccionados pelo pai, a letra, a tinta, o papel, em especial, o nó do barbante realizado com esmero e técnica, que ele só presenciou nos que Ernesto fazia. No entanto, o detalhe curioso: o genitor havia falecido há 10 anos e não havia sinais de desgaste no volume à sua frente. 

Ao levar o pacote que recebera na recepção de seu local de ofício até a sua sala, Cony dá início à rememoração de sua relação com o pai. Começa assim, a desvelar para o leitor a sua história, o elo paterno e, de quebra, dos demais familiares.

Ernesto inspirou e influenciou a escolha pelo jornalismo do filho, pois também exerceu a profissão e esteve em momentos cruciais da história brasileira, com ênfase nos acontecimentos políticos. E em cada aventura/desventura e desvario do pai, o olhar de Carlos Heitor resultou em admiração, compreensão e condescendência, por mais que discordasse ou sofresse a consequência de um ato excêntrico de Ernesto.

Assim, o texto vai apresentando a vida de Cony e de Ernesto, sempre em memórias, sempre com o embrulho à frente, provocativo, embrulho esse que o filho reluta em abrir, antes de compreender a trajetória dele (o pacote), já que o remetente há uma década está em outra dimensão.

Um clássico, sem dúvida.

Publicado em 1995, possui 216 páginas, a editora é a Companhia das Letras.

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Galeria

Galeria

Roselyn Sánchez nasceu Roselyn Sánchez Rodriguez em San Juan, Porto Rico, no dia 02 de abril de 1973. Alguns de seus filmes são: A Hora do Rush 2 (Rush Hour 2 - 2001), Um Tira Acima da Média (Underclassman - 2005) e Treinando o Papai (The Game Plan - 2007). 

Música


Crooner - Milton Nascimento 


Determinados discos me "pegam" de cara, a maioria. Outros, eu levo tempo para me acostumar com a sua riqueza, a sua qualidade, mas, depois, eles se tornam obras-primas à minha audição.

Aconteceu isso com este álbum, o Crooner, de Milton Nascimento, presente de aniversário há várias décadas dos amigos Varner e Nádia, ela já falecida.

Sempre gostei da arte de Milton, de sua voz, de suas composições, seus arranjos, que são personalíssimos. Talvez resida aí o meu estranhamento inicial ao ouvir Crooner, pois nele a maioria dos títulos é de outros compositores. Aqui, Milton é realmente "crooner".

Hoje, este que posto é um dos meus favoritos do carioca/mineiro, Milton Nascimento.

É de 1999, o seu vigésimo segundo.

Seguem as faixas:




terça-feira, 1 de abril de 2025

Música


Back in the USA - MC5 

Incrível como ainda não havia postado os álbuns deste fenômeno do rock'n'roll. Essa banda tem lugar certo na história deste gênero musical.

Formado na cidade das montadoras de carros, Detroit, Michigan, daí decorre o nome Motor City e o número de integrantes (MC5) com destaque para os guitarristas Wayne Kramer e Fred "Sonic" Smith, este último, companheiro de Patti Smith, esta banda com muitas ideias revolucionárias acabou dispensada de várias gravadoras por ser considerada rebelde, até que conseguiu lançar o disco Kick Off the Jams, em 1969 pela Elektra.

A obra estourou, fazendo sucesso em seu país e no Canadá.

O disco que tenho dela é o segundo, Back in the USA, de 1970.

É porrada pura. Um clássico.

Seguem os petardos: