Dica de Leitura
Na Barra do Catimbó - Plínio Marcos
Um dos maiores nomes da literatura e do teatro brasileiro, Plínio Marcos, a exemplo de João Antônio, era/é mestre em resgatar a vida marginalizada da maioria da população brasileira. Todas as suas obras são de profunda análise sobre este segmento da sociedade.
Neste, Na Barra ... conta a vida do negro Catimbó, que depois de cometer um crime, foge da polícia e resolve criar uma comunidade, juntamente com a sua companheira Bina Calcanhar de Frigideira, isso, na região paulistana entre as décadas de 70 e 80.
E assim, com o crescimento desordenado, nada planejado do local, além dos dois principais personagens, das páginas, emergem atores muito criativos como Zecão, o bandido que vai fazer o contraponto ao "bom", no caso, o negro Catimbó, Seu Olegário, o técnico do time da Barra, o Deixa que eu chuto, apelidado desta forma por ser manco e tantos outros, enfim, um "tratado social" como são todas as obras deste genial dramaturgo.
Abaixo, deixo uma manifestação de Plínio Marcos, analisando a criação de seu "Na Barra do Catimbó".
"A Barra do Catimbó, que é outro romance meu,
também foi proibido como novela de televisão.” [Começou a escrever histórias da
Barra do Catimbó em jornal, antes de lhes dar a forma de romance.] “Pra evitar
esculacho, criei a Barra do Catimbó, onde passei a fazer acontecer todos os
salseiros. E, aos poucos, me apaixonei pela Barra do Catimbó. Fui criando
personagens que, de início, eram baseados nos tipos que conheci na minha cidade
querida, mas que, aos poucos, foram crescendo, ganhando características
próprias e, acreditem ou não, se formavam sozinhos, indiferentes à minha
influência. Mestre Zagaia e os ensinamentos da sua Tabuada das Candongas,
colhidos nos estreitos, esquisitos e escamosos caminhos do roçado do bom Deus.
Nega Bina Calcanhar de Frigideira, que no começo era só mulher do crioulo
Catimbó, fundador da Barra, e que ganhou importância quando mataram seu marido.
Oscarino Vaselina, eterno candidato a vereador, Seu Olegário, Seu Azulão, Mané
Cheiro de Peixe, Mãe Begum de Obá, Chupim, Pé de Bicho, Intrujão Guegué,
Bolinha do Mobral, Dona Cotinha Fofoqueira, Quim Ilhéu, Azevedo do Apito, Valdo
Camelô, Catulé Sambista, e tantos outros.” “Eu os amo por serem frágeis diante
dos duros combates do dia-a-dia, mas que não se rendem nunca. Porém (e sempre
tem um porém), o que quero dizer e o que pesa na balança é que já pensei, e
penso muito, chego a ser atormentado por essas figuras, em meter tudo isso no
palco de um teatro.” [O que, infelizmente, nunca chegou a fazer]. (Mantida a grafia original).
É de 1982, possui 128 páginas, Editora do Autor.
Clássico.
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