sábado, 1 de dezembro de 2018

Literatura


Dica de Leitura


Eu não sou Cachorro, não - Paulo Cesar de Araújo


Indispensável obra sobre a música popular brasileira que ficou rotulada como "cafona" nos anos 60 e 70 e mais tarde, "brega".
Não se trata apenas de um resgate musical, mas de um "tratado" sociológico da música no período que envolve a ditadura militar e a redemocratização de nossa pátria; desta forma, a análise abarca também a questão política, uma vez que muitos dos artistas  deste segmento, sofreram com a censura e a opressão dos governantes, bem como, dos contratantes de shows que botavam limites no repertório.
O autor apresenta os principais nomes da música popular como Nelson Ned, Paulo Sérgio, Agnaldo Timóteo, Odair José, a dupla Dom e Ravel, suas origens, sua importância na captura do sentimento das camadas sociais menos privilegiadas. Além disso, a conflitada relação dos mesmos com as gravadoras e o suporte que deram aos chamados cantores da elite dentro delas.
Igualmente, a adesão (ou apropriação) de suas músicas pelo regime militar se faz presente, assim como o sucesso internacional e o banimento que os "cafonas" sofreram pela maior emissora de televisão brasileira, dos principais jornais do país e das rádios FM.
Não fica só nisso, os órgãos que preservam a cultura do Brasil como o Museu da Imagem e do Som ou revistas especializadas em músicas, sempre desconsideraram este segmento da música nacional.
Outro ponto transcendental presente neste livro foi a explicação, a "localização" deste limbo em que se procurou colocar a arte mais próxima dos desvalidos ou trabalhadores humildes; isto é, não foram "filhos" nem da tradição, nem da modernidade, as duas vertentes que procuram identificar as origens dos grandes compositores e cantores da MPB.
Gostando ou não da música dos "cafonas", uma coisa é certa, ela está presente na história e na cultura do país.
Araújo tratou com dignidade e competência essa fatia do bolo cultural brasileiro.
Imperdível.
A Editora é a Record, possui 448 páginas, lançado em 2002. Está esgotado e nos sebos, ele virou "cult" com exemplares vendidos a peso de ouro.

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