segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Cinema

Jane Fonda in Five Acts - Direção de Susan Lacy 

Excelente documentário sobre uma das maiores artistas de todos os tempos do cinema: Jane Fonda. E dá para ver que a sua mão e ideias estiveram presentes em toda a película, que foi dividida em cinco atos assim enumerados: Henry (pai), Roger Vadim, Tom Hayden e Ted Turner (maridos) e Jane, por óbvias razões.

Para quem, como eu, que sou fã há mais de meio século, fica compreensível e agradável verificar que ela esteve certa em quase todas as suas atitudes corajosas e inovadoras que promoveu.

Neste filme estão a relação distante do pai, a atormentada com a mãe hesitante e, por fim, suicida, a paixão avassaladora por um conquistador francês, que tinha no "currículo" relacionamento com Catherine Deneuve, que lhe deu uma filha, criada por Fonda, e Brigitte Bardot. 

Vadim efetivamente, o cineasta que lhe abriu as portas para a sétima arte.

O seu engajamento com o movimento antiguerra do Vietnã, a aproximação com os Panteras Negras e outros grupos ativistas pelos direitos humanos, tudo isso lhe custou o casamento. Ao mesmo tempo, se aproximou do ativista, militante social, Tom Hayden, e de uma união com três filhos. Ela já possuía Vanessa, com Vadim, com um hiato na carreira cinematográfica, mas com o estrondoso sucesso de seu programa Jane Fonda's Workout, com exercícios aeróbicos e físicos, cuja renda integral reverteu para movimentos sociais.

Com o tempo, Tom se distanciou dela, se envolveu com uma nova parceira e Jane entrou em mais uma crise emocional grande.

Com Ted Turner, o bilionário dono da emissora TNT, ela parecia ter encontrado o companheiro ideal. Permaneceram anos casados, mas veio o esgotamento.

No derradeiro ato (Jane), ela faz um balanço de sua vida, a família inicial, as outras que formou e constata que, ao longo desse tempo, cultivou amigos para todas as horas, muitos deles atuando em projetos de longa duração, como é o caso do trio que divide com ela a série Grace e Frankie, que durou 7 temporadas, ou seja, 2015 a 2022, quando o quarteto principal já superava os 70 anos.

Jane Fonda em cinco atos é um dos mais belos documentários que assisti.

É de 2018, possui 133 minutos.

Segue o trailer:




sábado, 27 de setembro de 2025

Cinema

Três Dias do Condor - Direção de Sydney Pollack 

A morte de Robert Redford amplia o rol de grandes artistas das artes que o ano de 2025 registrou. Hermeto Pascoal, Claudia Cardinale, Ângela Ro Ro, Luis Fernando Veríssimo e tantos outros.

Escolhi este thriller interessante dentro da vasta filmografia de Redford, justamente porque está completando meio século.

É a história de um funcionário de um escritório de literatura e história. Turner (Robert Redford) sai para tomar ou buscar lanche; isto o salva de um massacre, pois, na verdade, o local e o trabalho são uma camuflagem para a atuação da CIA (Central Intelligence Agency). Através deste grupo, que se supõe desconhecer a finalidade do trabalho, e, com certeza, esta natureza das atividades é a causa do morticínio. São seis pessoas executadas.

A partir do fatídico evento, Turner, antes de sair em fuga, telefona para o seu chefe, o contato fora do escritório, que o orienta a permanecer ali e aguardar, mas o que ocorre é a tentativa de eliminá-lo também. O executor é o personagem vivido por Max Von Sidow, um matador de aluguel, sem vínculo maior com os mandantes.

Percebendo que seria assassinado, Turner se afasta e faz de refém em seu carro Kathy (Faye Dunaway), conseguindo, assim, evitar momentaneamente o êxito da caçada de seu algoz.

O filme é mais político do que uma simples narrativa de aventura ou suspense. É produto do ambiente dos anos 70, em que estão outros clássicos como A Conversação, O Segundo Rosto (este, um pouco antes) e Todos os Homens do Presidente.

É de 1975, possui 117 minutos.

Segue o trailer:



  


domingo, 21 de setembro de 2025

Literatura

Dica de Leitura

Pequenas Histórias - Gilmar Kettes Niederauer 


Minha quarta obra, desta vez, tratando sobre futebol, mais exatamente, 74 crônicas que envolvem a minha paixão pelo Grêmio Porto-alegrense e alguns momentos marcantes de Copas do Mundo. 

Lançado em junho deste ano, apenas na versão e-book.

Pode ser encontrado na Amazon ou Hotmart, epub e pdf, respectivamente. 

Possui 191 páginas.

Deixo aqui uma delas:

Caszely, o craque que encarou Pinochet

11 de setembro registrou um retrocesso imenso para a humanidade; milhares de pessoas foram executadas, muitas torturadas antes, algumas sem o ato humano de exéquias e sepultamento.

Esta data remonta ao fatídico ano de 1973, terrível para os chilenos, quando o presidente socialista eleito pelo voto popular, o médico Salvador Allende, tornou-se vítima de um golpe à democracia perpetrado pelo traidor general Augusto Pinochet, um de seus ministros, uma marionete inserida no movimento de instabilidade que os EUA realizavam nas Américas. Allende não cedeu e renunciou à vida, resistindo à insidiosa subserviência dos militares ao “Tio Sam”.

Neste período, o clube mais popular do país, o Colo-Colo, nome em homenagem ao líder indígena do povo Mapuche, que lutou contra os colonizadores espanhóis, vivia grande fase, decidindo, inclusive, a Libertadores da América, façanha inédita para o futebol andino, onde mantinha um público médio de 40 mil pessoas em seus jogos. Forneceu a base para a Seleção na Copa do Mundo disputada na Alemanha em 1974.

Deste clube histórico, a grande estrela chamava-se Carlos Caszely, centroavante baixinho, canhoto e vocacionado na arte de marcar gols. Pela sua habilidade, ganhou uma expressão: - O Rei do Metro Quadrado - pela incrível habilidade nos dribles e movimentos em exíguos espaços nos gramados.

Caszely participava ativamente na política de seu país, fruto de sua conscientização do conceito de cidadania, que o levou a ter identificação com a Unidad Popular, coalização que conduziu Allende à eleição, à presidência do Chile.

Caszely apoiou abertamente os candidatos socialistas, pois gozava da condição de maior ídolo do principal esporte chileno e capitão do Selecionado, deferência que atingiu cedo, aos 22 anos.

A disputa para o Chile ir para a Copa do Mundo de 74, exigiu a confirmação da vaga em dois confrontos com a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).

A partida de ida ocorreu em Moscou, um empate por 0 a 0. Assim, as chances aumentaram para os sul-americanos. Uma vitória simples carimbaria o passaporte para a Alemanha Ocidental, sede do torneio.

Designado para a partida de volta, o estádio Nacional, após o golpe militar liderado por Pinochet, transformou-se num verdadeiro campo de concentração, um símbolo triste das atrocidades cometidas pelo ditador e seus asseclas. Os soviéticos se negaram a vir, mesmo que isso, significasse não disputar a Copa do Mundo.

O governo chileno, como última tentativa, pegou seus presos, retirou-os do estádio, levou-os para a cidade abandonada de Salitrera, de Chacabuco, porém, evidentemente, a representação europeia não veio, aí, aconteceu um dos eventos mais patéticos da história das Copas. O Chile entrou em campo no estádio Nacional, sem adversário, o árbitro apitou e os jogadores saíram tocando a bola até o arco vazio e Francisco “Chamaco” Valdés marcou o gol, garantindo a vaga. “O gol mais triste do Chile”.

O Palácio La Moneda, interditado, pois havia sido bombardeado, então, Pinochet, na sede provisória do governo, recepcionou a delegação para os cumprimentos no embarque para a Alemanha.

Quando o ditador estendeu a mão para o capitão Carlos Caszely, este lhe negou o cumprimento, que foi duramente criticado pelo porta-voz do governo: - “Veja como é desagradável esse jogador comunista, que, inclusive, foi capaz de negar a saudação ao Presidente”.

Na Alemanha Ocidental, o Chile não passou da primeira fase e Caszely acabou expulso na partida de estreia, dando munição aos seus críticos.

Enquanto se desenvolvia a competição na Europa, no Chile, Dona Olga Garrido, mãe de Caszely, acabou detida e torturada. O craque só tomou conhecimento disso ao voltar do Mundial. Pinochet tinha se vingado da forma mais cruel possível do gesto do atleta.

Na nova década, com a pressão aumentando pela sociedade chilena e organismos internacionais, mais o distanciamento dos Estados Unidos, a ditadura deu sinais de cansaço, de falta de fôlego, assim, veio o seu esmorecimento.

Em 1988, na tentativa de passar um tom de legitimidade a seu governo, Pinochet convocou um plebiscito para 5 de outubro. Caberia ao povo decidir pela continuidade ou não do regime liderado por ele.

No mês de setembro daquele ano, a televisão exibiu propagandas entre Sim e Não pela permanência ou fim da ditadura. Caszely, convidado a participar da campanha, sugeriu que outra pessoa de sua família fosse se manifestar, pois ela experimentara, na prática, os horrores físico e psicológico das ações dos golpistas.

Em 20 de setembro, Olga Garrido contou em detalhes os momentos macabros que passou diante dos militares. Na sequência, junto dela, Caszely apareceu diante das câmeras, conclamou a votarem pelo Não. “Porque sua alegria é minha alegria.” Porque seus sentimentos são meus sentimentos. Porque esta linda senhora é minha mãe”.

A história jamais exposta em público gerou uma enorme comoção nacional que desequilibrou o resultado do plebiscito, com o “No” ganhando o percentual de 60%, fazendo retornar a democracia ao povo chileno no ano seguinte.

Esta é a história de um craque que brilhou dentro e fora das quatro linhas, futebol e cidadania, sempre com muita coragem e de forma destemida.

Caszely tem um lugar definitivo na luta pela busca de uma sociedade mais justa e humana em seu país.

Original em 01/12/24.

Literatura de Apoio (Fontes):

https://ludopedio.org.br

https://brasil.elpais.com


sábado, 20 de setembro de 2025

Galeria

Galeria 

Ilfnesh Hadera nasceu em 1º de dezembro de 1985 em Nova Iorque, EUA. Alguns de seus filmes são: Oldboy (Oldboy-2013), Chi-raq (Chir-raq-2015) e Céus e Infernos (Highest 2 Lowest-2025).

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Música

 Coup de Gueule - Tiken Jah Fakoly


 Doumbia Moussa Fakoly adotou o nome artístico de Tiken Jah Fakoly e é, juntamente com Alpha Blondy, um dos maiores músicos da Costa do Marfim com reconhecimento mundial. 

A obra de Fakoly é engajada, luta contra os opressores sociais, busca a liberdade e justiça, o que lhe custou censura em várias ditaduras. Ele nunca se intimidou.

Não é o primeiro disco que posto aqui. Segue este na íntegra:



segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Música

Supertramp - Supertramp (1970) 


Nessa onda de mortes de grandes músicos, Ângela Ro Ro, Hermeto Pascoal, tem também o passamento do fundador da banda inglesa Supertramp, Richard Davies, ocorrido no último dia 06.

Escolhi este de 1970, ainda sem a formação mais conhecida, a do período de maior criatividade do grupo (1974 em diante), mas que igualmente traz boas músicas com forte característica do rock progressivo de tantos expoentes britânicos da época.

Segue o disco na íntegra:



sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Cinema

Jango - Direção de Silvio Tendler

Silvio Tendler nos deixou e aí, resolvi rever esta sua obra memorável sobre João Goulart, até pela semana decisiva que o país viveu e da resposta fantástica e inédita do Supremo Tribunal Federal ao condenar os golpistas a viver atrás das grades, algo que não ocorreu em 64.

Jango foi vítima da onda intervencionista ianque que ocorreu nas Américas e apeou do poder Allende no Chile e Isabelita na Argentina.

 Allende e Jango lutaram para reduzir as desigualdades sociais em seus países e pagaram um preço muito caro, o suicídio e a morte no exílio, respectivamente.

No caso da obra que posto, o diretor busca nos antecedentes de 1954, toda a movimentação cívico-militar para construir o seu documentário de forma didática, onde aparecem personagens decisivos na resistência ao golpe em 1961, a Legalidade e também os articuladores que engendraram a ruptura democrática três anos depois, que durou até 1985, embora a obra do cineasta se encerre com a morte do ex-presidente ocorrida em dezembro de 1976.

Trilha sonora de Milton Nascimento. 

Imperdível.

Produzido em 1983, possui 117 minutos.








terça-feira, 9 de setembro de 2025

Cinema

Um Broto Legal - Luiz Alberto Pereira 

A história de Celly Campelo, que também registra os primórdios do Rock'n'Roll no Brasil, isto é, na década de 50, onde os hoje considerados ingênuos movimentos, marcaram fortemente a mudança do comportamento da juventude e, no caso, com o agravante de Celly ou "Celinha", como era conhecida no ambiente familiar, ser do interior paulista, Taubaté, SP, isto é, um ambiente mais conservador.

Um belo resgate que o diretor, que viveu em parte o processo de popularização da cantora única no universo masculino do gênero musical, resgata através de lembranças e pesquisas que incluem, inclusive, depoimentos de Tony Campello, grande responsável pela formação musical da irmã.

Marianna Alexandre interpreta a principal personagem, Murilo Amarcollo representa Tony e Paulo Goulart Filho desempenha o papel do pai da dupla.

Para quem não conheceu a trajetória de Celly Campello (1942-2003), vai juntar sua imagem com os sucessos atemporais Estúpido Cupido, Banho de Lua e Túnel do Amor, para citar os seus três maiores sucessos, versões de sucessos norte-americanos e italianos.

Produzido em 2022, possui 94 minutos.

Segue o trailer:





sábado, 6 de setembro de 2025

Literatura

Dica de Leitura

Comédias para se Ler na Escola - Luís Fernando Veríssimo 

E o mestre Veríssimo faleceu no sábado, 30/08. Meu escritor brasileiro favorito, aquele de quem devorei praticamente tudo que produziu ao longo de várias décadas, sempre com muita qualidade, independente do gênero da literatura.

Posto aqui o mais recente que li, aliás, o maior sucesso de vendas de sua carreira. Na verdade, não consigo distinguir suas obras como "a melhor". Em qualquer gênero que ele se aventurou a criar, seus textos são sempre brilhantes, inteligentes e repletos da habitual ironia elegante, a qual poucos, quase nenhum escritor, atingiu em termos de excelência, agradando tanto críticos quanto leitores.

São trinta e cinco narrativas criativas, bem-humoradas, que fazem com que o leitor devore cada uma delas, assim o livro é concluído "numa sentada".

Sua primeira edição data de 2001. A editora é a Objetiva, possui 148 páginas.


terça-feira, 2 de setembro de 2025

Galeria

Galeria 

Simone Signoret nasceu Simone Henriette Charlotte Kaminker, no dia 25 de março de 1921, em Wiesbaden, Alemanha. Faleceu em 30 de setembro de 1985 em Autheuil-Authouillet, França.

Alguns de seus filmes são: Amores de Apache (Casque d'Or-1952), Um Lugar na Alta Roda (Room at the Top-1958) e O Gato (Le Chat-1971).